Pastoral Nipo-Brasileira lamenta a morte de Dom Paulo Evaristo Arns

Dom Paulo Evaristo Arns recebe prêmio no Japão (Foto: Arquivo Pessoal)

O arcebispo emérito de São Paulo, cardeal dom Paulo Evaristo Arns, morreu ontem, aos 95 anos, na capital paulista. Ele estava internado desde o último dia 28 de novembro, no Hospital Santa Catarina, tratando de complicações pulmonares decorrentes da idade, de acordo com um comunicado da Arquidiocese de São Paulo.

A morte foi lamentada em todo o País e chegou na comunidade nipo-brasileira. Em entrevista ao São Paulo Shimbun, o secretário-geral do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos no Brasil; bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo e bispo referencial da Pastoral Nipo-Brasileira, dom Júlio Endi Akamine, lamentou a morte.

“Recebo com muita tristeza a notícia. Ele era uma pessoa que deu o testemunho como pastor e bispo, também foi muito importante em diversas passagens da história do Brasil, como na época da ditadura. O dom Paulo serviu durante toda a vida a Deus e agora está junto a ele”, afirmou, lembrando que essa não é a primeira vez que o religioso enfrentou problemas de saúde. “Ele já foi internado outras vezes, fato que não foi tão divulgado para preservá-lo, mas sem-pre se recuperou bem. Dessa vez não foi possível. Um dia espero reencontrá-lo.”

Dom Paulo Evaristo Arns chegou a visitar o Japão, em 1994, quando foi convidado e recebeu o Prêmio Niwano da Paz. A homenagem é concedida pela Niwano Peace Foundation. O religioso recebeu o 11º Niwano “por sua colaboração inter-religiosa para promover o desenvolvimento, conservar o meio ambiente e criar um mundo de paz com a participação de cristãos, budistas, muçulmanos e judeus”. O prêmio recebe o nome do seu fundador, Nikko Niwano, primeiro presidente da Organização leiga budista “Rissho Koseikai”. Com o valor recebido, 20 milhões de ienes, algo próximo a US$ 190 mil (na época), foi construída a Casa de Oração do Povo da Rua, localizada na região da Luz, em São Paulo.

Apesar da tristeza, dom Akamine deixou uma mensagem de otimismo. “Para a Igreja Católica a morte não é uma perda. É claro que há a perda existencial, afetiva e da relação próxima, mas acreditamos na ressurreição e tenho certeza que ele ajudará ainda mais a igreja lá de cima”, afirmou.

Em nota, o arcebispo dom Odilo Scherer, da Arquidiocese de São Paulo, agradeceu Arns pela “atenção especial aos pequenos, pobres e aflitos” e pediu que, agora, “se alegre no céu e obtenha o fruto da sua esperança junto de Deus”.
Filho de imigrantes ale-mães, dom Paulo nasceu em 1921 em Forquilhinha, na região de Criciúma, antiga colônia de imigrantes alemães em Santa Catarina. Após ser ordenado sacerdote em 1945, foi estudar na Universidade de Sorbonne, em Paris. Lá, licenciou-se em Letras, com ênfase em estudos brasileiros, latinos, gregos e história antiga.

Dom Paulo ocupou o posto de arcebispo Metropolitano de São Paulo entre 1970 e 1998. Nesse período, notabilizou-se na luta pelos direitos humanos. Nos anos 70, quando a ditadura brasileira passou pelo período mais obscuro, não foram poucas as vezes em que ele se colocou contra o regime. Respeitado por muitos, tornou-se um símbolo de resistência. Denunciou as torturas nos quartéis, visitou presos em suas celas e até liderou atos de protestos.

Continua… (impresso)

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