Escritor Içami Tiba morre em São Paulo aos 74 anos de idade

Tiba em um momento descontraído em uma das palestras (Foto: Arquivo Pessoal)

O escritor e psiquiatra Içami Tiba morreu na noite do último domingo, aos 74 anos. Ele estava internado desde o início do ano no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, por causa de um câncer, mas o tipo não foi divulgado oficialmente. O nikkei deixa a esposa, Maria Natércia, os filhos, Natércia, André e Luciana, e dois netos, Kaká e Dudu. O corpo foi velado e enterrado ontem, no Cemitério Morumbi, na zona Sul da capital paulista. A família chamou um monge para fazer uma cerimônia de despedida antes do sepultamento, já que o escritor era budista. A solenidade foi restrita apenas a parentes e amigos.

Por meio de uma rede social, os familiares lamentaram a morte. “É com imensa tristeza que a família Tiba comunica o falecimento do marido, pai e avô Içami, que nos deixa lembranças infinitas e um vazio imenso. Seu legado de trabalho, retidão, alegria, ideias e amorosidade ficarão para sempre nas mentes e corações de sua família, amigos, pacientes, alunos e leitores. A todos seus seguidores, a nossa mais profunda gratidão”, disse os familiares, em comunicado.

Tiba, que é o autor do best-seller “Quem ama, educa!”, escreveu mais de 40 livros sobre educação. Outros destaques em sua carreira são: “Homem Cobra Mulher Polvo”; “Juventude & Drogas – Anjos Caídos” e “Família de Alta Performance – Conceitos Contemporâneos na Educação”. Em 2014 chegou às livrarias seu 31º e último livro, “Educação Familiar: Presente e Futuro”. No total, suas publicações chegam a quatro milhões de exemplares vendidos.

Considerado uma referência no debate sobre educação e na psicoterapia,  ele era um dos especialistas mais solicitados por professores, pais e empresas, realizando mais de 3,4 mil palestras. Tiba também fez, em sua clínica particular, mais de 77 mil atendimentos como psiquiatra e psicoterapeuta de adolescentes e família, a quem aplicava os princípios da Teoria da Integração Relacional, criada por ele, e técnicas de psicodrama.

Em uma das suas últimas postagens nas redes sociais, o autor deixou um recado às famílias: “Mães saudáveis preparam os filhos para arcar com as suas responsabilidades. Felicidade ou saciedade que se ganha de mão beijada não aumenta a autoestima, porque dispensa exatamente a capacidade de crescer em liberdade”.

Tiba era filho de imigrantes japoneses, que vieram ao Brasil em 1936. O escritor nasceu em Tapiraí, no interior de São Paulo, em 1941, e se formou pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em 1968. Iniciou sua carreira como médico residente no setor de psiquiatria do Hospital das Clínicas, onde foi professor assistente por sete anos. Em 1997, graduou-se como professor supervisor de psicodrama pela Sociedade de Psicodrama de São Paulo e foi o primeiro presidente da Federação Brasileira de Psicodrama, cargo que ocupou por dois anos. Ele foi, ainda, colunista de diversas mídias, além de manter um programa semanal na televisão.

Em 2004, o Conselho Federal de Psicologia pesquisou através do Ibope qual era o maior profissional de referência e admiração. O nikkei ficou em primeiro lugar entre os brasileiros e o terceiro entre os estrangeiros, precedido apenas por Sigmund Freud e Gustav Jung. Desde o ano passado, os problemas de saúde do nikkei já eram conhecidos. Em novembro de 2014, uma palestra do psiquiatra planejada para o 6º Fórum de Integração Bunkyo foi cancelada de última hora, em decorrência de “um procedimento médico emergencial”. Na ocasião, a família informou que ele estava em processo de recuperação e encontrava-se bem.

Tiba também planejava criar, junto com o professor e escritor Akira Shinen, além de outros autores, a “Academia de Escritores Nipo-Brasileiros”, com o intuito de preservar a cultura literária nikkei, apoiar e orientar novos escritores, porém, a ideia ainda não saiu do papel.

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