Violência acelera adoção de modelo japonês de segurança em universidades do Estado

USP pode receber 120 policiais em setembro (Foto: Divulgação)

Os casos de violência  em qualquer um dos campi da Universidade de São Paulo (USP) viraram rotina e assustam os alunos cada dia mais. Roubos, furtos e até sequestros já foram registrados. De janeiro a maio deste ano, segundo dados da própria instituição, foram 1.356 ocorrências de furtos e roubos.

A gota d’água, porém, se deu no último mês de junho, quando uma estudante de economia, de  17 anos, foi abordada por um jovem quando se dirigia ao refeitório, próximo a reitoria, sendo ameaçada com uma faca e estuprada. Esse é o terceiro caso dessa modalidade criminal na USP.

Diante da situação, a  universidade pode contar, a partir de setembro desse ano, com um novo modelo de policiamento. Atuando em parceria com a Secretaria de Segurança Pública, a ideia é que o patrulhamento seja realizado por uma patrulha comunitária, inspirada em modelo japonês Koban, que vem sendo implantado de forma gradual no Estado desde o final da década de 1990.

Segundo informações colhidas pela reportagem,  a companhia teria entre 80 e 120 homens e já estaria em fase de treinamento. Eles ficariam responsáveis pela área total do campus,  que equivale a 470 campos de futebol. Atualmente, 22 policiais militares circulam na localidade até as 23 horas e há somente 59 câmeras para monitoramento para resguardar um universo de 110 mil pessoas. Há, ainda, 300 guardas universitários.

Através do modelo nipônico, além do aumento do efetivo, haveria alterações na forma de agir dos policiais, que não se concentrariam apenas no atendimento das chamadas de ocorrência, mas na prevenção. A ideia é que esses agentes fiquem mais próximos dos alunos, atuando em diferentes horários, conhecendo melhor a rotina e as necessidades. Os policiais deverão, ainda, utilizar no uniforme uma braçadeira diferente da usual, para sinalizar que fazem parte da polícia comunitária.

A proposta ainda precisa ser apresentada aos funcionários e aos alunos da instituição. Vale lembrar que o debate sobre policiamento dentro das universidades, desde a Ditadura Militar, gera uma grande polêmica. Isso porque, existe uma resistência das entidades estudantis à presença da polícia no campus, já que a atuação poderia, de alguma maneira, reprimir atividades de cunho político e social com o pretexto de oferecer segurança.

Em abril, uma reunião, promovida por dirigentes da Universidade e representantes da Secretaria Estadual de Segurança Pública, discutiu o tema. Entre os presentes estava o diretor de Polícia Comunitária e de Direitos Humanos da Polícia Militar, Kenji Konishi. Na ocasião, o nikkei falou sobre o modelo proposto para a Universidade e a intenção é que seja implantada uma base física no campus, cujo efetivo será sempre o mesmo. Konishi também respondeu a questionamentos dos participantes sobre peculiaridades do sistema e ressaltou o caráter preventivo do modelo japonês.

Alheio a aceitação ou não, o governo paulista,  segue com as providências necessárias à implementação do projeto e, inclusive, já fez um estudo para mapear o melhor local para instalar a base fixa.   A intenção, aliás, é que o modelo seja adotado, também em setembro, na Unesp e Unicamp.

No Japão, o policiamento comunitário existe há 130 anos e abrange todas as 47 províncias, através das bases de segurança comunitária e nas bases de segurança comunitária distrital, onde os policiais residem. Renovada no final de 2010 pelo Ministério da Justiça, uma cooperação técnica entre o Brasil e o Japão está ampliando o alcance dessa nova filosofia de policiamento nos Estados brasileiros. O sistema já é aplicado em 11 Estados da federação. A parceria prevê cursos de capacitação no Brasil. Também são enviados profissionais de segurança pública àquele país, de modo que 67 brasileiros, das diversas unidades federativas, sejam capacitados até 2017.

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