Presidente Dilma Rousseff cancela visita ao Japão por ‘problema orçamentário’

Dilma em encontro com o príncipe e a princesa em Brasília (Foto: Roberto Stucker Filho/PR)

Não será desta vez que Dilma Rousseff viajará ao Japão como presidente do Brasil. Assim como ocorreu em 2013, quando a líder desistiu de uma visita poucos dias antes de embarcar, em virtude da onda de protestos que tomou conta das ruas do país, o Palácio do Planalto confirmou oficialmente o cancelamento da agenda prevista em Tóquio nos dias 3 e 4 de dezembro, assim como a sua ida ao Vietnã.

Dilma embarcou para a França na sexta-feira e a intenção era partir para os dois países asiáticos logo após a concluir sua participação na 21ª Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, que ocorreu ontem, em Le Bourget. Por lá, ela discursou aos líderes mundiais e aproveitou para classificar o rompimento da barragem de Mariana “como o maior desastre ambiental da história do Brasil”, prometendo punições severas.

A atitude de não viajar ao Japão frustrou autoridades brasileiras e japonesas. Para se ter uma ideia, uma comitiva de 60 empresários, entre eles executivos da BRF Brasil, JBS, Vale, Eurofarma, Mitsui e Embraer, integraria a missão a Tóquio. Também estava confirmada a ida do ministro da Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro; da ministra da Agricultura, Kátia Abreu, além dos governadores do Piauí, Wellington Dias (PT); do Maranhão, Flávio Dino (PC do B); da Bahia, Rui Costa (PT) e do Tocantins, Mar-celo Miranda (PMDB).

Oficialmente, a visita tinha como objetivo celebrar os 120 anos do Trata-do de Amizade, Comércio e Navegação Brasil-Japão, além de ser uma retribuição as vindas do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, ao país, em agosto de 2014, e também a do príncipe Akishino e da princesa Kiko, que fizeram uma viagem de 12 dias ao Brasil em novembro. Na ocasião, aliás, Dilma atrasou 20 minutos para um encontro com o casal, fato que gerou mal-estar, diante da rigorosa tradição oriental com horários.

Em nota, a secretaria de comunicação do Brasil justificou a desistência da viagem. “A presidenta Dilma Rousseff decidiu cancelar as viagens ao Vietnã e ao Japão porque, a partir de 1º de dezembro, o governo não pode mais empenhar novas despesas discricionárias, exceto aquelas essenciais ao funcionamento do Estado e do interesse público. Não se trata de problema financeiro, mas, sim, orçamentário”, disse.

Informalmente, a explicação é que a chefe do Executivo quer acompanhar no Brasil a provável votação no Congresso Nacional das medidas de ajuste fiscal. Segundo relatos, com sua presença por aqui, o governo ganharia força e passaria ao Congresso a imagem de que está preocupado com a aprovação.

Em sua visita ao Japão, Dilma apresentaria aos empresários japoneses o Plano de Investimento em Logística e buscaria atrair investimentos japoneses para a área de infraestrutura do país. O programa foi lançado pelo governo federal em junho deste ano e prevê, por meio de concessões nas áreas de portos, aeroportos, rodovias e ferrovias, investimentos de R$ 198,4 bilhões no setor.

Havia a expectativa também de a presidente anunciar a suspensão do embargo à carne bovina processada. Desde 2012, o Japão mantém o embargo em função de um caso atípico de vaca louca. Em julho deste ano, uma missão japonesa visitou o Brasil para avaliar laboratórios, frigoríficos e fazendas com o objetivo de finalmente liberar autorizações para a venda.

Continua…(impresso)

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