Uma luta de 72 anos teve um final feliz na noite de ontem, no litoral paulista. A Associação Japonesa de Santos voltou a ser oficialmente a dona do imóvel de sua sede, confiscado em decorrência dos eventos da Segunda Guerra Mundial. A cerimônia que marcou a transferência definitiva do casarão, com a assinatura do documento entre a Secretaria de Patrimônio da União e a entidade, aconteceu justamente no dia do aniversário de 110 anos da imigração japonesa no Brasil.

A devolução é uma consequência do projeto de lei sancionado em dezembro de 2016 pelo Presidente da República. A proposta, ela-borada pelo então deputado Koyu Iha, tramitou no Congresso Nacional desde 1994 e foi retomado por iniciativa do deputado federal João Paulo Papa. “Ver na minha gestão e no dia em que comemoramos os 110 anos da imigração essa luta de décadas finalmente terminar, com a devolução de um patrimônio dos nossos antepassados, é uma honra. Estou muito feliz. A comunidade batalhou muito, com a colaboração impor-tantíssima do deputado Papa. Ganhamos o melhor presente nesse dia tão simbólico”, revelou ao São Paulo Shimbun, Marise Hashimoto, primeira presidente mulher a comandar a entidade.

As celebrações pelos 110 anos, aliás, tiveram início mais cedo. Logo na manhã de ontem, uma comitiva da entidade cumpriu a tradição e depositou flores no túmulo do intérprete japonês Sakai Mine, no Cemitério do Paquetá, na praia do Boqueirão. Logo depois, eles foram ao monumento erguido em frente ao Armazém 14, local onde atracavam os navios que traziam os imigrantes. Na obra, es-tão escritos os nomes de todas as 165 famílias que chegaram no navio Kasato Maru, há exatos 110 anos.

Terminaram o percurso no monumento em homenagem aos imigrantes japoneses, que mostra uma família nipônica do início do século 20 e está localizado no Emissário Submarino (Parque Roberto Mário Santini). No final da tarde, todos participaram da cerimônia de devolução.

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